
Mas enquanto o eléctrico não chega, ligo o rádio para tirar as dúvidas sobre quem iria defender as redes «encarnadas» frente ao Vitória de Setúbal. Confirma-se, Roberto fica no banco, mas por pouco tempo. Ainda tive tempo de ouvir o primeiro golo do Benfica. O eléctrico surge finalmente da escuridão que cobre a Rua Domingos Sequeira. Desligo o rádio e dirijo-me para a paragem. As luzes do seu interior deixam um rasto pelas calhas enquanto os turistas tiram fotos à Basílica da Estrela. Lá vou eu para o Martim Moniz. Olho para a chapa do horário e vejo que afinal só tenho de fazer 3 viagens. Passa num instante!
Um senhor entra na Graça e diz-me que o «Roberto é o maior!». O Benfica venceu por 3-0 disse-me, deixando-me a pensar como um guarda-redes passa de besta a bestial... tão rápido quanto o tempo que demorei a chegar ás Escolas Gerais. O sinal está verde e os flashes começam a disparar quando o eléctrico roça os prédios de Alfama. Mais à frente, um táxi impede-me a passagem nas Portas do Sol.
Toco à campainha, mas ninguém aparece. Toco novamente e lá aparece o senhor do táxi saindo do café. São sempre os mesmos! Chateado por ouvir a campainha do eléctrico, aparece a reclamar. Diz que «já ouvi pá. Tas com pressa, passa por cima», e num instante, penso na reacção que o mesmo teria se eu tivesse aceite o seu convite. Bastava ligar a corrente e passar, mas... não era a mesma coisa.
No Chiado, muitos assistem aos truques dos mágicos que por estes dias têm trazido a magia ás ruas de Lisboa. Ouvem-se aplausos, mas no eléctrico a música é outra. Ouvem-se espanhóis, italianos, franceses, todos querem ir experimentar a noite do Bairro Alto, mas nenhum tem coragem de perguntar qual a paragem onde devem descer. Afinal havia um corajoso, mas quando perguntou pelo Bairro Alto, já o eléctrico subia a Calçada da Estrela.
A viagem termina e logo de seguida começa outra. É a minha última viagem do dia. E lá os trouxe de volta até ao Bairro Alto. Daqui ao Castelo o eléctrico para apenas duas vezes. E poucos são os turistas que andam pelas ruas até à Graça. Pelas janelas do casario vê-se gente atenta à novela da noite. E são as próprias janelas que vão dando um colorido diferente ao caminho até ao final da linha. Chego ao Martim Moniz, encho os pulmões e digo «Terminus.... Finish....»
Amanhã há mais!"
Boas Viagens!
1 comentário:
Fantasticas as tuas descrições, Rafael. Podias recuperar uma coisa antiga e em vez de gritar "Terminus Finish" gritares "MARTIM MONIZ!!! FIM DA LINHA!!!!!!". Era mais Português! :)
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