quinta-feira, 12 de novembro de 2009

755 Sete Rios: "Este autocarro vai para Sete Rios, não vai?"

Começou mais uma semana e a contagem decrescente para as férias continua a bom ritmo. Serviço escalado para a 755 numa "altura" (nome que damos ao serviço atribuído) que costuma ser complicada a nível de horário que é bastante apertado, mas que hoje até se fez ás mil maravilhas, o que provou uma vez mais que nem tudo é mau, nem sistemático. Há sempre um ou dois dias que fogem à regra.

O que por vezes não varia mesmo é as perguntas que se repetem semanas e dias depois de as ter ouvido numa outra carreira ou num outro lugar. A típica questão do destino do autocarro ainda vai tendo desculpa para quem não sabe ler ou para quem está perante os autocarros com bandeiras de destino mais pequenas, contudo os autocarros mais recentes dispõem já de bandeiras de LED e de grandes dimensões como é o caso dos Mercedes OC500, que foi o autocarro com que andei esta tarde na 755.

Já na segunda viagem do meu dia de trabalho, sigo com destino a Sete Rios tal como indicava na bandeira (755 Sete Rios) e na paragem do ISEL uma senhora entra e questiona-me: «Vai para Sete Rios não vai?», respondo-lhe afirmativamente, a qual agradece. O autocarro não ia muito cheio e facilmente arranjou lugar sentado. Mas cinco paragens à frente e nova pergunta e com o mesmo conteúdo... «Desculpe lá mas vai para Sete Rios não vai? É que disseram-me que era o 755...», e disseram bem! Mas até lá estava escrito e em letras grandes.

Questões de leitura à parte, e nem de propósito ainda ia eu a caminho do trabalho e lia no jornal "Global Noticias" do colega Dias, que a Carris ia lançar uma iniciativa de incentivo á leitura, a bordo dos seus autocarros e eléctricos para criar hábitos de leitura e tornar as viagens mais agradáveis. Ora aqui está uma boa iniciativa para -permitam-me a brincadeira - ajudar a combater este dilema da leitura das bandeiras, porque normalmente as pessoas só vêem mesmo o número da carreira.
Ainda sobre esta iniciativa, o jornal Destak, diz na sua edição on-line que já esta tarde foram entregues os primeiros livros, aos passageiros da carreira 15 de eléctricos, cuja a aceitação foi positiva. «No próximo dia 19, a empresa vai distribuir nos seus 750 autocarros e 55 eléctricos 25 mil pequenos livros com um capítulo da obra "Querido Gabriel", traduzida em 18 línguas, onde o norueguês "Halfdan Freihow descreve a sua relação com o filho mais novo, a quem foi diagnosticado autismo aos 13 anos», noticia o jornal gratuito.
Também o site oficial da Carris, apresentou hoje este projecto "Ler entre linhas" conjunto com a editora Objectiva.

Quem não vai ainda nestas coisas de letras e leituras é o jovem rapaz que esta tarde depois de mais um dia no colégio regressava a casa na mão do seu avô e a bordo do 755. Sentado no banco da frente com vista privilegiada sobre o que ia para lá do pára-brisas, lá ia apontando para os autocarros que se iam aproximando e apelidava-os de primos e tios. A esperteza do rapaz era tanta que me provocou um sorriso quando disse que o 21 que vinha na Av.Igreja em sentido contrário «é tio do nosso porque é um autocarro mais antigo». Atrás vinha um 755 e «olha este é irmão porque é igual avô», dizia radiante e contente.

O avô orgulhoso lá ia dizendo que estava certo o pensamento e quando se cruzou com o 17 já no Largo Frei Heitor Pinto, a criança não hesitou em dizer que «este é primo!». Digam lá que esta profissão também não tem histórias engraçadas....

Amanhã há mais. Boas Viagens
Foto: Pedro Almeida
Imagem "Ler entre Linhas": Site Carris

11 comentários:

helder reis "semi" da 22 disse...

Sem dúvida que o 17 e o 755 são primos, tendo em conta os bairros de Lisboa onde passam....o puto nem pensou no que disse, mas disse acertadamente eheheheehh

Condutor do TXXI disse...

É de pequeno que se começa a ganhar o gosto pelos autocarros, está visto que esse miudo vai ser mais um entusiasta.

Eu em pequeno tambem era assim, estava sempre a reparar nos pormenores dos autocarros e já sabia atribuir cada autocarro à carreira, embora apenas soubesse as marcas, as matriculas e os numeros de frota, e não soubesse os modelos.

Quem sabe se daqui a uns anos não vamos conversar sobre autocarros com esse miudo. LOL

Busorganist disse...

Rafael deixa-me perguntar-te.. Tu levavas a bandeira normal ou levavas como agora mandam com os códigos para o menosumcarro? É que já vi carros em que o menosumcarro está aceso bastante mais tempo que a real informação que interessa que é a bandeira...

Abraço.

André Bravo Ferreira disse...

As crianças, de facto, tem uma imaginação incrível.

No meio de tanto livro espero que me calhe também um :) é uma boa iniciativa, venham mais!

Grande abraço.

José disse...

Como já fui míudo e desde sempre atraído pelos transportes públicos também tenho algumas recordações, como passageiro, que me divertem. A mais antiga de que recordo era o prazer de, ao colo de um dos meus Pais, puxar a correia que fazia tocar a campaínha lá à frente ao pé do guarda-freio. E a confusão que me faziam aquelas portas que se abriam simétricamente? Como é que aquilo funcionava? Mistérios para um míudo que adorava andar de eléctrico!
Boa viagem

Rafael Santos disse...

Busorganis,

Por acaso so levava mesmo a indicação de destino, até porque o comando das bandeiras nãoa ceitava o código da mensagem do Menosumcarro.pt

:)

CR 35 disse...

A nova geração de entusiastas está aí como se constata pelos comentários do gaiato a bordo do 755 espero que não cresça com as ideias conturbadas desta geração com meia idade já completa e que os livros que a "Santa Casa da Misericórdia da Companhia Carris de Ferro de Lisboa"lhe abram os horizontes e seja útil no dia a dia numa cidade repleta de cultura que só os turistas lhe dão valor. Questionam o porquê de não haver mais para depois não os lerem porque não têm tempo ou porque ainda são analfabetos! e não caia nas asneiradas dos que utilizam os tranportes pùblicos apenas para pôr os pézinhos em cima dos bancos ou escrever grafittis nas janelas e a ouvir música através do telefone no máximo e a perguntar com um relógio de pulso com os horários afixados nos Terminais a "que horas sai?"pára nos Restauradores?que carreira é esta? porque o passe dá vermelho?.Bom fim de semana para o Povo que lê o Blog e também para o Rafael seja a trabalhar ou de folga.

Anónimo disse...

O problema actual é que as pessoas têm informação a mais, senão vejamos:

1) Painel informativo do percurso das carreiras e sentido da mesmas, em quase 100% das paragens. 2) Mapa da cidade com a rede de exploração da Carris.
3) Número da carreira na bandeira do autocarro. 4) Destino da carreira na bandeira do autocarro. 5) Painel electrónico informativo do tempo em falta para a chegada do autocarro. 6) Igual informação via telemóvel mediante nº da paragem. 7) Círculo de cartão pintado à cor correspondente à zona de acção da respectiva carreira no pára-brisas. (E que agora são ENORMES) 8) Informação pela internet. 9) Informação por prospectos distribuídos em mão e imprensa. 10) Tipo de veículo a usar em determinadas carreiras. 11) E para quem é analfabeto ou para quem tem preguiça de ler, os autocarros e eléctricos são amarelos, ou seja é para apanhar porque é da Carris!

A Faixa do Bucho.

Rodrigo disse...

Fizeram tal mal mudar o circuito do 755 custava muito continuar a subir a EUA?

Condutor do TXXI disse...

Foi para os passageiros não reclamarem a perda do 68. Transformaram a 755 num misto de 55 e 68 juntamente com a 794.

Rodrigo disse...

Ok, obrigado.

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