sábado, 3 de outubro de 2009

Um bilhete "p'otocarro" e o cartão do cidadão...

O dia até poderia correr bem e correu, mas o cansaço depois de um serviço de oito horas e tal com duas de folga numa carreira como a 106 deixa qualquer um de rastos. E nem é pelo total de horas do serviço (que não deixam de ser chatas), é sobretudo pela carreira que é demasiado curta com viagens a rondar os 17 minutos o que origina a passar várias vezes nos mesmos locais e em curtos períodos de tempo, já para não dizer que acaba-se por ver as mesmas caras mais que uma vez num serviço.

Da parte da manhã a azáfama das compras e alguém que após uma corrida ao estilo de Rosa Mota nos seus tempos áureos, me pede «um bilhete p'otocarro». Achei engraçado o termo, mas nem sequer me deu para comentar com a pessoa porque basta o serviço ser na 106 para a moral e boa disposição se ir perdendo viagem a viagem. Pois o autocarro não precisava pagar bilhete, e o que ela pretendia era mesmo um bilhete,mas para ela.

A manhã passava rapidamente e o pior ainda estava para vir, com a segunda parte do serviço - a maior. Na Torrinha um passageiro entra e tenta validar a sua viagem com o cartão do cidadão, mas por enquanto ainda não é válido e se os validadores conseguissem ler aqueles cartões eu faço ideia a quantidade de viagens nulas que eram adicionadas aos cadastros por não estarem carregados.

No autocarro ouviam-se miúdos aos berros. Numa outra língua discutia-se algo e já para o final do dia alguém comentava que andava a trabalhar e a descontar para muitos dos que ali andavam, viverem ás suas custas. A campanha para as autárquicas também, apareceu nas Galinheiras com a comitiva partidária a ocupar a via da esquerda o que por instantes causou algum congestionamento. Ainda os alertei para o facto de não poderem deixar ali os carros porque passavam ali autocarros e o que me responderam é que «o António Costa manda amigo!»
Entrava então mais um passageiro que descarregava o seu descontentamento já dentro do autocarro e como ele dizia «todos os 4 em 4 anos é assim... Todos fazem tudo e nenhum faz nada e o zé povinho é que se trama...»

Aos poucos lá começo a ver o fim do serviço na chapa (missão, ainda assim, difícil) e já nem contava pelas mãos as viagens feitas. Recolho á estação com uma dor de cabeça e com aquela gritaria do miúdo que queria sentar-se na cadeira da frente e que a mãe teimava em querer sentá-lo na do meio. Restava-me esperar pelo 17 para regressar a casa e até para isso foi preciso esperar algum tempo. Hoje tudo parecia querer contrariar-me. Amanhã espero que seja mais calmo até porque a manhã começa bem com um serviço na Maratona...

Boas Viagens!

Foto gentilmente cedida por Pedro Almeida

2 comentários:

André Bravo Ferreira disse...

Depois do dia de ontem calmo hoje foste ao Inferno. Amanha há-de ser melhor amigo.

Grande abraço.

Anónimo disse...

realmente esta carreira... :-( , e pensar que vou andar lá amanha outra vez já que andei lá ontem, para a proxima para no campo grande tá bem ? :-) , assim já sabes quem é.

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