quarta-feira, 15 de julho de 2009

As máscaras e as marcas num duelo de personalidades

Há já algum tempo que não ia para a 742 e se em duas semanas fiquei “farto”, hoje sempre deu para desanuviar um pouco com uma carreira que tem um percurso longo. O serviço até não era dos piores, pelo que nesse campo hoje não tinha razões de queixa. O que eu já não me lembrava era dos horários de Verão que já estão em vigor, pelo que o facto de uma gripe – dita suína - ter afastado as pessoas das férias, faz com que os autocarros andem mais cheios, sobretudo em horas de ponta.

E antes de avançar para outras «paragens», apenas uma nota para o senhor que entrou com uma canadiana e uma máscara na cara. Decidi observar a sua entrada e o seu caminho até ao lugar eleito. Todo o autocarro seguiu os seus passos, como que de um compasso sincronizado se tratasse por parte dos que já lá estavam dentro, mas eram olhares de repressão, de afastamento desconfiança que até me deixaram algo transtornado. Porque provavelmente nem, era nenhum doente da Gripe A, porque muito antes de se falar nisto, já eu transportei dezenas de pessoas com máscaras na cara.... mentalidades!

Já com destino ao Bairro Madre Deus e com mensagem de «Completo» já enviada para a Central, saíram uns quantos passageiros na paragem do Corte Inglês e outros tantos entraram, entre os quais uma senhora nos seus 60 anos (+/-), que ao entrar soltou de imediato: «epá que grande festa aqui vai... está cheio hoje!»

Para não se juntar ao aglomerado de pessoas aproveitou um espaço livre na frente para ali ficar, dizendo que «também vou só até ao A.Cego. Já nem estou habituada a andar nisto com tanta gente, sabe? Uso mais ao Sábado!...», -“Pois mas durante a semana tem mais gente já se sabe”, respondi eu.

Mas a senhora teimava em querer ter o seu tempo de antena, mostrando alguma necessidade de falar com alguém nem que esse alguém fosse simplesmente o motorista do autocarro que a levou de S.Sebastião ao A.Cego. «Sabe eu acho que qualquer dia a nossa cidade vai pelos ares com um terramoto, porque mexem tanto nas terras com tanta obra que as terras já andam saturadas...»

E como se eu tivesse feito alguma questão, lá foi dizendo que «Acabei de vir do Corte Inglês porque o meu irmão, veja só, ficou com o meu telemóvel. Deu-me 100 euros por ele porque disse que gostava bastante dele. Eu também gostava muito, até porque gosto de estimar as coisas. Já tinha dois anos, mas não tinha risco nenhum...», e para não dar uma de mal educado lá foi dando algum “troco” mas pouco. – “Pois já para mim os telemóveis só servem para falar...” e lá ela dizia: «Pois também para mim, e não percebo nada, mas gosto de saber que tenho uma coisa boa com uma marca considerável, pelo que só deixo ali a menina do corte inglês mexer mais ninguém»

E a minha tarefa social do dia chegava ao fim coma nossa chegada ao A.Cego. Amanhã há mais e numa carreira diferente e também amanhã são apresentados oficialmente os novos autocarros que já esta tarde andaram espalhados pela cidade. O evento terá lugar na Est.Oriente.

1 comentário:

André Bravo Ferreira disse...

Oh Sr. Rafael, ouvir 2 vezes a mesma história não vale, podias ter contado uma nova eh eh eh

Isto realmente há cada cromo nesta cidade, só faltava o Sr. do Adeus e a colecção ficava completa.

Grande abraço.

André Bravo Ferreira

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