sábado, 18 de abril de 2009

O agradecimento público aos «Ambrósios» da Carris

No passado dia 14 de Abril foi publicada na rubrica "Cartas ao Director" do Jornal Público, uma carta escrita por uma residente do concelho de Oeiras que habitualmente usa os serviços da Carris. A senhora Maria Clotilde Moreira reside mais precisamente em Algés e decidiu nesta carta destacar o trabalho de quem a conduz diariamente - os motoristas da Carris, a quem apelidou e de uma forma engraçada de «Ambrósios», lembrando assim aquele anúncio que todos conhecem certamente.

Como achei engraçada a forma como nos apelidou e sobretudo pelo valor que nos atribui no seu dia-a-dia, reconhecendo o que muito pouca gente ainda reconhece aqui transcrevo a carta enviada pela passageira ao Jornal Público:

"Viajo muito nos transportes públicos, principalmente na Carris, e apesar de muitas falhas que os nossos transportes ainda têm, eles representam um descanso de preocupações enquanto nos deslocamos e admiro-me como há tantas pessoas, sozinhas no seus carros, no pára / arranca para se deslocarem numa de ida e volta para o emprego, por exemplo. Se é compreensível que se utilize o carro para, também, deslocar os filhos ou outros, parece não fazer sentido sobrecarregar o trânsito com um número tão elevado de carros com um único ocupante.

E quando vou observando o que me cerca e tomando conhecimento das informações que as conversas me transmitem há sempre um “Ambrósio” que não me dando bombons me leva de uma ponta à outra da cidade, me deixa no destino que procuro. É ele que se preocupa com as más conduções de outros, com carros mal estacionados que o obrigam, às vezes, a esperar que a policia resolva o problema enquanto os passageiros o recriminam. Muitas vezes são eles, estes condutores, o saco das más disposições dos passageiros; e a maior parte das vezes ouvem calados para desespero de quem gostaria de uma peixeirada.

A Carris, por exemplo, tem actualmente um número significativo de jovens condutores que lá nos vão levando por esta rede labiríntica. Nestes tempos de leis de trabalho tão pouco humanas, gostaria que estes trabalhadores tivessem pelo menos horários que não tornassem esta profissão tão desgastantes. Um obrigada aos Ambrósios dos transportes.

Maria Clotilde Moreira / Algés"
In Público de 14-04-2009

10 comentários:

Vasco Lopes disse...

Que apareçam mais Marias como esta Senhora! Sem dúvida sabe do que fala.

Pedro Almeida disse...

Quem não lhe desse um Ferrero...
Concordo completamente com a ideia de elogiar os profissionais da CARRIS, mas a parte do "apelidinho", é que eu acho um pedaço, enfim... DESNECESSÁRIA!!
Até porque nunca mais me esqueço de um motorista da CARRIS que costuma andar na 759 que não só acelerou a MAN 18-310 CAETANO para não parar para me levar, como deixou-me apeado a meio da faixa de rodagem e por pouco não fui atropelado violentamente por um carro.
O que eu acho mais interessante é que quando ele vê a malta que entra em Chelas SEM PAGAR, é um tipo 5 estrelas. É logo braço estendido, até os deixa ir de borla e tudo etc, já eu que nunca andei em nenhum autocarro de borla na vida, corri o risco de ter um desfecho verdadeiramente memorável...
Era realmente um "Ambrósio" que merecia um belo BOMBOM, e vontade não me faltou confesso.
Oh Rafael, desculpa aqui o desabafo, mas a parte dos "Ambrósios", pralém de desnecessária, em dois tempos dá aso a outras coisas...

Um abraço aqui do madeirense, fica bem amigo!!

Rafael Santos disse...

Amigo Pedro este espaço está sempre aberto a opiniões contrárias, e de facto não aplaudo a atitude referida por ti, mas creio que foi, digamos, uma daquelas excepções à regra. Hoje em dia as coisas nesse aspecto melhoraram bastante.

Há uns anos atrás, se por cá andasses em Lisboa irias ver cenas desse tipo todos os dias. Mas como disse reprovo essa situação que por acaso até assisti!

Um abraço.

Condutor do TXXI disse...

Na 759 na Madre Deus, tambem já bati à porta quando o autocarro ia começar a arrancar e notei que o motorista ainda exitou se abria ou não e acabou por abrir,).

Como não costumo andar muito na 759 só sei duma motorista que é lá efectiva. Mas regra geral os motoristas não gostam dessa carreira, logo em principio para alguem andar lá efectivo foi porque a escolheu. Provavelmente um motorista que mora em Chelas e assim fica mais proximo de casa para começar ou terminar o serviço. Se assim for é normal que conheça a maioria dos passageiros, muitos deles seus vizinhos. Na ultima vez que andei na 759 entraram os fiscais em Chelas e foi cá um arraial de multas, foram a preencher papeis do ISEL até Santa Apolonia, na Madre Deus entrou um homem pela porta de traz, até ficou verde quando o fiscal foi ter com ele!

Abraço e continuação de bons posts.

Anónimo disse...

A senhora não se preocupe que os "ambrósios" da Carris têm horários de trabalho dos melhores deste país. Os outros cães, que não interessam para nada é que são tratados como escravos.

Anónimo disse...

Sr. Pedro Almeida, a inveja é uma coisa muito feia.

PB disse...

Um abraço, Ambrósio! ;)

Pedro Almeida disse...

LOOL! Gostei, por acaso gostei eheh...
Realmente até concordo, mas quem é que não gostava de viajar de borla??? Ainda por cima EU, que admiro autocarros desde praí os 5 anos. Até faz inveja realmente...
Mas deram-me uma coisa chamada EDUCAÇÃO/CIVISMO que não me permite entrar num autocarro de BORLA e ainda por cima com a "benção" do motorista.
De qualquer maneira a empresa de autocarros que eu mais admiro tem um dia em que é de borla para todos os utentes, por isso nesse dia dá perfeitamente para tirar a "barriga das misérias" e de forma completamente legal...


Bem, cumprimentos Sr. Anónimo!

Condutor do TXXI disse...

Anónimo disse...
A senhora não se preocupe que os "ambrósios" da Carris têm horários de trabalho dos melhores deste país. Os outros cães, que não interessam para nada é que são tratados como escravos.

Que haja profissões piores é verdade, mas trabalhar por turnos é muito desgastante. O organismo não tem um ritmo. E é dificil organizar a vida pessoal, está-se sempre dependente de escalas. Há quem diga que o trabalho por turnos é a escravatura do Sec. XXI, pois a vida pessoal está sempre dependente do que calha na profissional.

Ricardo Figueiredo, disse...

Penso que o anónimo se referia aos restantes trabalhadores do sector...

...que trabalham por turnos,
...trabalham mais horas,
...tem menos condições,
...e um vencimento menor,

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